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Esportes de alta altitude e clima frio: cuidado com o impacto nutricional

A prática de exercícios em condicões extremas como a alta altitude e o clima frio fazem parte de várias modalidades esportivas como a corrida de montanha, alpinismo, mountain bike, esqui, snowboard, entre outros. Mas, você já se perguntou se essas condições influenciam as necessidades nutricionais e, portanto, poderiam ter um impacto no desempenho atlético? Há um crescente número de estudos neste campo para avaliar se essas condições poderiam afetar o desempenho esportivo. Também é importante considerar que ambientes quentes de alta altitude (pense na Cidade do México por exemplo: altitude 2.250 metros), também podem causar alterações no desempenho por causa da menor resistência do ar.

 

Quais são os possíveis problemas nutricionais?

Atletas que se exercitam em uma altitude acima de 2.000 metros de altura podem apresentar alguns sintomas na montanha. Sabe-se também que a ingestão de alimentos e líquidos pode diminuir em até 50% em ambientes frios ou de alta altitude comparado às quantidades consumidas pelo nível do mar. Como no atleta é fundamental reduzir o risco de dano muscular e aumentar o armazenamento de glicogênio, o aporte nutricional deve ser ajustado. Além disso deve-se considerar que o consumo de carboidratos é maior nessas condições extremas, sendo um evento induzido pelo sistema nervoso central. Os chamados “tremores” aumentam drasticamente o uso de glicogênio muscular.

A perda hídrica também é maior, devido à maior produção de urina em altitudes mais elevadas, com maior risco de desidratação e fadiga precoce. De fato, tentar manter um bom estado de hidratação nesses ambientes é mais difícil. Pode haver um alto risco de desidratação ou desgaste excessivo.

Reposição de carboidratos e líquidos são muito importantes (Foto: iStock Getty Images)
Reposição de carboidratos e líquidos são muito importantes (Foto: iStock Getty Images)

 

O que o atleta pode fazer para minimizar esses efeitos e satisfazer as suas necessidades nutricionais?

Atletas treinando ou competindo neste ambiente são considerados especiais e devem ter o acompanhamento de uma equipe médica multidisciplinar. Esse acompanhamento permite ajustar as necessidades nutricionais e suplementares do atleta. Por exemplo, no ambiente de alta altitude o nível de oxigênio é menor, por isso é importante melhorar a concentração de células vermelhas e capacidade de transporte de oxigênio. Evidentemente, o aumento da concentração de células vermelhas aumenta a necessidade de nutrientes selecionados, dieta rica em ferro, alimentos ricos em vitamina B12, vitamina C e ácido fólico.

O nutricionista deve orientar uma alimentação com intervalos programados para o indivíduo, com foco em alimentos ricos em carboidratos. Isso é importante porque os carboidratos requerem menos oxigênio para metabolizar energia do que as proteínas e as gorduras. O consumo insuficiente de energia é igual a diminuição da força e da resistência, ambos fatores críticos no desempenho atlético.

É importante se concentrar no consumo de alimentos ricos em carboidratos para ajudar a otimizar os estoques de glicogênio, que são usados em uma taxa mais alta em ambientes frios e de alta altitude. Mas, o consumo equilibrado dos macro e micronutrientes também é primordial para sustentar a função mental do atleta. Por último, e também importante: os atletas devem também monitorar a quantidade de fluido (água ou repositores) que é consumida e perdida nessas condições, o que pode variar entre os indivíduos. Se você pratica exercícios nessas condições lembre-se que o seu desempenho vai depender muito do ajuste do treinamento, da suplementação quando necessária e do ajuste da alimentação como um todo. Tenha sempre acompanhamento do médico do esporte e do nutricionista.

Referências:
1) Sawka MN, Cheuvront SN, and Kenefick RW. Hypohydration and human performance: Impact of environment and physiological mechanisms. Sports Medicine. 2015; 45(1): 51-60.
2) Paulin S, Roberts J, Roberts M, and Davis I. A case study evaluation of competitors undertaking an Antarctic ultra-endurance event: nutrition, hydration and body composition variables. Extreme Physi-ology & Medicine2015; 4(3)
3) Bartsch P, Bailey DM, Berger MM, Knauth M, and Baumgartner RW. Acute mountain sickness: Con-troversies and advances. High Altitude Medicine and Biology 2004; 5(2): 110-124.

 

Fonte: https://globoesporte.globo.com/eu-atleta/saude/noticia/esportes-de-alta-altitude-e-clima-frio-cuidado-com-o-impacto-nutricional.ghtml